PRIMAVERA NEGRA – MANUEL SIMÕES, poeta bilingue

Nesta primavera negra
que alastra pelo corpo
sensível ao abandono
das aves do mundo

só um insólito milhano

-voando muito em segredo –
ousa desafiar a peste
e as nervuras do medo.

Nem o sol atrai o canto
nem o cruzar doutras aves
recém-vindas do deserto
que enganavam o vento
flutuando contra o norte.

Só o milhano e seu voo
contra o vírus clandestino
nesta primavera negra
em que se sente o vazio
seduzido pela morte.

In questa primavera nera
che imperversa sul corpo
sensibile all’abbandono
degli ucelli del mondo

solo un insólito nibbio

-che vola segretamente –
osa sfidare la peste
e della paura il nervo.

Nè il sole attira il canto
Nè l’incrociare d’altri ucelli
Arrivati dal deserto
Che ingannavano il vento
e fluttuavano contro il nord.

Solo il nibbbio nel suo volo
contro il vírus clandestino
in questa primavera nera
in cui si sente il gran vuoto
riempito dalla morte.

MANUEL SIMÕES

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