CANÇÃO DO DESERTO
No coração dos desertos ergo a voz
enrouquecida pelos silêncios em
que a morte nos esmaga lentamente.
Como desviar-me do ocaso se
por uma frincha do sol nos espreitam
inclementes as máscaras em gente?
Longe a cidade onde perdida era
plumagem garrida da utopia…
Um jeito de soletrar despedidas.
Depois uma canção temporã no céu
inquieto, caminho livre para tal
bendição em primaveras ardidas.
Não são pulsações da miragem que me
alimentam o afã obstinado.
Chovem rosas no lugar do meu luto
para além deste mar inesperado.
CANZONE DEL DESERTO
Nel cuore dei deserti levo la voce
ormai roca per i silenzi in
cui la morte ci opprime lentamente
Come distrarmi dal tramonto se
da uno spiraglio di sole ci seguono
inclementi le maschere di tutti?
Lungi la città dove perduta era
piumaggio allegro dell’utopia
Modo di sillabare congedi
Dopo una canzone temporale in cielo
inquieto, percorso libero per tale
benedizione in primavere arse
Non sono pulsazioni del miraggio che mi
alimentano l’affanno ostinato.
Piovono rose nel luogo del mio lutto
oltre questo mare inatteso
Regina Correia (inédito)